Dados do Trabalho

Título

VARIAÇAO ISOTOPICA NO PROCESSO DE DECOMPOSIÇAO DE TECIDOS ANIMAIS

Introdução

A entomologia forense é uma importante ferramenta em investigações criminais e baseia-se nos padrões de sucessão de insetos, em tecidos humanos ou animais, como evidência forense. Durante o processo de decomposição, além das ações biológicas, as carcaças passam por alterações físicas e químicas que modificam nutrientes, como carbono e nitrogênio de seus tecidos, ao longo do tempo. Logo, amostras entomológicas e suas assinaturas isotópicas encontradas em uma cena de crime podem ser uma ferramenta promissora em ciências forenses para, por exemplo, determinação de intervalo post-mortem (PMI).

Objetivos

Investigar a variação do δ13C e δ15N no processo de decomposição de tecidos animais e na sucessão de insetos e seu uso como ferramenta forense.

Parte experimental

Foram instaladas bandejas com músculos crus de porco (carcaça). Estas foram teladas para exclusão de macrofauna. Amostras de carcaças e de insetos associados foram coletadas, ao longo do tempo, secas em estufa (60°C, 48h), moídas e pesadas para às análises isotópicas. Foi realizada uma análise de regressão dos valores de δ13C e δ15N das carcaças (var. resposta) em função do tempo de decomposição (var. preditora). Insetos e carcaças foram comparados por ANOVA e teste Tukey.

Resultados e Discussões

Ao longo do tempo de decomposição houve estabilidade nos valores de δ13C e enriquecimento em δ15N nas carcaças, similar ao encontrado por outros autores (ver, e.g., Keenan e DeBruyn, 2019). Larvas e pupas não se diferiram das carcaças em δ13C (p > 0,05). Em média, larvas eram enriquecidas em δ15N em ~3,5‰ e pupas em ~2,5‰ em comparação aos valores das carcaças (p < 0,05). Estes resultados corroboram com os valores de fracionamentos tróficos de 0-1‰ para o δ13C e de 2-4‰ para o δ15N (ver, e.g., McCutchan et al., 2003), indicando que tais organismos se alimentaram dessas carcaças. Ademais, as taxas de enriquecimento das larvas e pupas, ao longo do tempo, foram similares às das carcaças.

Conclusões

Os padrões da variação isotópicas de tecidos animais e insetos necrófagos, ao longo do tempo de decomposição, principalmente o δ15N, mostram-se promissores. A comparação de insetos necrófagos com tecidos estáveis, bem como estudos com mais tecidos e a adição de outras variáveis chave podem ajudar a esboçar um modelo capaz de estimar o PMI com maior precisão e robustez estatística.

Referências e agradecimentos

Keenan, S.W.; DeBruyn, J.M. 2019.
McCutchan, J.H. et al. 2003.
Processo nº 2022/01413-6, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Palavras Chave

insetos necrófagos, 13C, 15N.

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Área

Isótopos Forenses