Dados do Trabalho
Título
IDENTIFICAÇAO NECROPAPILOSCOPICA DE CADAVER COM MAO SAPONIFICADA HA MAIS DE 10 ANOS: RELATO DE CASO
Introdução
A saponificação cadavérica é um fenômeno transformativo conservador raro e de grande relevância na Ciência Forense. A preservação dos tecidos moles pode contribuir para o esclarecimento das circunstâncias e causa da morte. Entretanto, pouca atenção é dada à possibilidade da saponificação contribuir para a identificação necropapiloscópica [1].
Objetivos
Relatar um caso de identificação necropapiloscópica de cadáver putrefato com a mão saponificada, inumado há mais de dez anos.
Parte experimental
Tratamento das falanges distais com solução de linear alquilbenzeno. Coleta de impressões digitais por entintamento e confronto papiloscópico pelo método ACE-V.
Resultados e Discussões
Após questionamento jurídico da causa da morte e do método de identificação por reconhecimento de uma vítima de homicídio, sexo feminino, inumada há mais de dez anos, o IML de Cuiabá-MT procedeu à exumação do corpo. Durante a perícia, observou-se que o cadáver estava acondicionado em urna de zinco e envolto em saco de plástico espesso contendo um frasco vazio utilizado para tanatopraxia (procedimento para a conservação do cadáver com vistas a cerimônia fúnebre). Ainda, que possuía partes anteriores totalmente putrefatas, posteriores ainda em fase de putrefação e mão esquerda saponificada. Fatores como a aplicação de produtos conservantes e condições ambientais do solo permitiram a formação da adipocera, preservando a mão por longo período. No exame necropapiloscópico, observou-se que a mão possuía firmeza tecidual, ausência da epiderme e papilas dérmicas visíveis que espargiam substância untuosa com odor de queijo rançoso. Efetuou-se a imersão da peça em solução emulsificante para remoção da adipocera, obtendo-se êxito na coleta das impressões digitais. Por fim, realizou-se o confronto papiloscópico entre as impressões digitais do prontuário civil da vítima e as impressões coletadas, com resultado positivo, ou seja, pertenciam à mesma pessoa.
Conclusões
No caso relatado, o fenômeno raro da saponificação possibilitou a identificação de cadáver inumado há mais de dez anos, destacando-se a viabilidade do exame necropapiloscópico em condições extremas, atendendo aos interesses da Justiça de forma rápida, prática e segura.
Referências e agradecimentos
[1] BORDONI, L.S. et al. Perícia médico-legal e identificação de corpo saponificado após 267 dias de morte. Revista Brasileira de Criminalística, v. 11, n. 1, p. 49-58, 2022.
Agradecimentos: Ao papiloscopista Leandro Ferreira Lima e ao técnico em necropsia Valter Ferrari Castro, da POLITEC-MT.
Palavras Chave
saponificação, necropapiloscopia.
Arquivos
Área
Áreas forenses
Autores
SIMONE MARIANA DELGADO, ANDRÉ LOPES RUIZ TALHARI, LUANY GONÇALVES DE ALMEIDA ARAÚJO, LILIANE DE CAMPOS CHIAMENTE, ALEXANDRE SILVA BRASIL, LUDMILA ALEM